Fim do papel. No final de 2023, a demanda reprimida por imóveis no Brasil ainda persiste como uma oportunidade para o setor da construção e incorporação, e a necessidade da digitalização dos processos vem ganhando ainda mais relevância entre os principais agentes de mercado. O presidente da Caixa Econômica, Carlos Vieira, anunciou esta semana a meta da instituição financeira para 2024: “papel zero”, como uma alusão à aproximação do banco com as fintechs para o fim das transações de crédito habitacional feitas de forma tradicional, ou analógica.
A última pesquisa sobre déficit habitacional no Brasil revelou que o índice é de quase 6 milhões de domicílios, segundo a Fundação João Pinheiro. Ainda sobre a questão da moradia, o Censo do IBGE 2022 revelou que existem quase 12 milhões de domicílios vazios no país.
Diante da necessidade, as mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, como a ampliação do acesso ao crédito e as alterações nos perfis dos imóveis, impulsionaram resultados expressivos para a Caixa. Até o terceiro trimestre de 2023, o saldo da carteira de crédito imobiliário chegou a R$ 707,9 bilhões, um crescimento de 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
A inclinação do mercado à digitalização se reflete também na adequação de construtoras e incorporadoras ao cenário, que vêm se atentando à necessidade de adaptação à nova economia, a exemplo da Caixa.
Para o CEO do CV CRM, Fábio Garcez, especialista em soluções digitais para o mercado imobiliário, a fala do presidente da Caixa está em consonância com o que o mercado vem experimentando no dia a dia.
“O ano de 2023 é, sem dúvida um ano de comemorações. Nos últimos 3 anos nós praticamente triplicamos o número de incorporadoras e construtoras na nossa base, o que significa que hoje pelo menos 762 empresas no Brasil já utilizam tecnologias digitais integradas, como assinatura digital, por exemplo, na negociação de imóveis”, aponta.
As tendências apontam que, para 2024, a inovação e a digitalização também devem ser protagonistas, influenciando modelos de negócios e aprimorando a experiência do cliente com a introdução de novas tecnologias. Essas adaptações são cruciais para enfrentar os desafios que se apresentam e garantir um setor imobiliário resiliente e sustentável no próximo ano.