Digital twin e o futuro da construção civil

A construção civil tem vivido uma acelerada mudança tecnológica – seja absorvendo tecnologia de outros setores ou desenvolvendo as próprias. É nesse contexto que o digital twin ganha visibilidade e começa a ser tendência nos projetos de construção. 

Como um espelho da realidade, o digital twin consegue tornar virtual um ativo real para que seja possível manipular produtos com previsibilidade, menos desperdício e mais eficiência. 

Mas a real transformação tecnológica aqui vai além de um modelo 3D da realidade, um digital twin também pode ser alimentado por dados reais, em tempo real do objetivo físico. Uma tecnologia que já é usada em segmentos como aviação, saúde, agronegócio, no monitoramento de cidades inteligentes etc. 

Na construção civil, o uso do digital twin pode representar o futuro do setor. Funcionando como um “painel de controle inteligente virtual” do mundo físico, essa tecnologia pode entregar mais valor, reduzir custos operacionais e auxiliar nas tomadas de decisão seguras. 

Vamos aprofundar, neste artigo, o uso dos digital twins na construção civil. 

O que é um digital twin?

Um “gêmeo digital” é basicamente um “clone digital” de um ativo físico, sistema ou processo que pode ser alimentado por dados em tempo real.  

Através de sensores IoT, inteligência artificial e dados operacionais, um digital twin consegue te mostrar, digitalmente, tudo o que está acontecendo no mundo real e prever cenários para planejar com mais precisão, prever falhas, fazer melhor uso dos espaços, tomar decisões rápidas etc. 

Como o digital twin está sendo aplicado na construção civil atualmente

Usando uma analogia simples, o digital twin na construção civil é como um manual vivo do edifício. Através da combinação entre a modelagem BIM (Building Information Modeling) com sensores IoT, inteligência artificial e dados da operação, é possível gerar a representação digital do empreendimento. 

A aplicação prática no setor tem muitos benefícios. Os principais são: 

• Monitorar em tempo real o desempenho dos sistemas de climatização, consumo de energia, segurança, etc;
• Simular manutenções, prever falhas antes que elas aconteçam;
• Planejar reformas ou expansões com precisão;
• Visualizar e analisar o uso de espaços com dados reais, otimizando layout, ocupação e até estratégias de retrofit.

E claro que o resultado disso nas construtoras é a redução de custos das operações, mais previsibilidade, o poder de decisão baseado em dados reais, entre outros. 

Veja, no vídeo abaixo, um exemplo de digital twin geoespacial para um projeto de cidade inteligente: 

Relação entre a modelagem BIM e o digital twin

É importante falar sobre a relação entre o BIM e o digital twin, já que a modelagem é a etapa anterior ao gêmeo digital. 

O BIM (Modelagem da Informação da Construção) é como uma maquete digital de todo o projeto de construção. A principal vantagem da modelagem BIM é ter uma visualização holística de todo o projeto: do projeto arquitetônico, estrutural, elétrico, hidrossanitário, de climatização, de automação e segurança etc. 

A modelagem BIM funciona, portanto, como um esqueleto do digital twin, é a base do gêmeo digital. 

Se olharmos do ponto de vista da evolução tecnológica na construção, o BIM é o primeiro passo e o digital twin o segundo. O digital twin é a versão digital viva, conectada a sensores e dados reais do edifício funcionando. 

O futuro da construção civil

Resumindo, o digital twin é uma versão digital do empreendimento e reflete tudo o que acontece nele. Essa possibilidade muda completamente o foco do gerenciamento dos empreendimentos, que passam a ser monitorados mesmo depois da entrega. 

Além de todos os benefícios para a operação que citei acima, existem também vários pontos positivos na pós-entrega, como a melhora da experiência de quem vai usar o prédio, o controle sobre a eficiência, conforto e segurança e a possibilidade de oferecer soluções tech enabled para investidores e clientes finais. 

O cenário atual

Ainda é uma tecnologia em desenvolvimento no Brasil, mas com avanços rápidos. Inevitavelmente, as empresas que já usam a metodologia BIM e querem ir além, começam a adotar o digital twin como uma alternativa de melhora na produtividade e eficiência dos projetos. 

Geralmente essas são grandes empresas e construtoras já testam o digital twin, principalmente em empreendimentos de alto padrão, hospitais, prédios corporativos, centros logísticos etc. 

Entretanto, aos poucos a tecnologia começa a ficar mais acessível e a tendência é que cada vez mais empresas menores adotem o digital twin. Essa redução acontece por conta do avanço das plataformas em nuvem e a redução de custos dos sensores. 

Por isso, o que antes era “coisa de multinacional” está chegando timidamente em médias empresas. 

O que esperar nos próximos anos

Um dos principais fatores que impulsionam a tecnologia no setor é a questão regulatória. A obrigatoriedade de algumas ferramentas faz com que empresas se modernizem de maneira rápida. 

A expectativa é que, nos próximos anos, isso também aconteça com o digital twin nos casos de grandes ativos que precisam de alta eficiência e rastreabilidade. 

Além disso, o digital twin pode se tornar um fator altamente competitivo para as incorporadoras, já que não vai mais bastar entregar um prédio bonito, o mercado vai buscar cada vez mais quem entrega tecnologia junto. 

O que você aprendeu até aqui

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