Blockchain imobiliário: a revolução digital na compra e venda de imóveis
A tecnologia de blockchain existe para resolver alguns problemas nas transações financeiras. Talvez o principal deles seja a falta de confiança entre as partes (muito comum na era digital). Por isso, o blockchain é uma ótima alternativa para transações como a compra e venda de imóveis. Nesse cenário, nasce o blockchain imobiliário.
Um dos grandes objetivos de qualquer ferramenta tecnológica voltada para o mercado imobiliário e da construção civil é diminuir a burocracia da compra e venda de um imóvel, ainda tão marcante no Brasil, e melhorar a experiência tanto para o comprador, quanto para quem vende.
Por isso é tão importante falar sobre o blockchain imobiliário, termo que só cresce nas discussões dobre o futuro do mercado. A tendência é que nós vamos viver, nos próximos anos, uma verdadeira transformação estrutural no setor: da forma como imóveis são comprados, financiados e registrados, até o surgimento de novos modelos de negócio.
Neste artigo pretendo, portanto, explicar como funciona essa tecnologia, como se aplica ao mercado imobiliário e discutir possíveis cenários, que já são pauta para especialistas e investidores.
Sumário
O que é e como funciona a tecnologia blockchain?
A tecnologia de blockchain surgiu em 2009, junto com o Bitcoin, para permitir transações financeiras entre estranhos pela internet, sem a necessidade de intervenção de terceiros como bancos, por exemplo.
O desafio era que essas transações fossem seguras, já que estamos falando de transações complexas entre pessoas que não se conhecem.
A solução: um ambiente digital onde ocorrem transações via token. Nesse ambiente, as transações são registradas, verificadas e excetuadas com regras programadas, sem intermediários e de forma automática.
Os tokens, por sua vez, são a representação digital de um valor, registrado numa blockchain. São como arquivos digitais com regras específicas e podem ser trocados, vendidos ou usados dentro de um sistema descentralizado.
Ou seja, o blockchain é um ambiente digital de negociação, onde você troca tokens, que representam coisas, de forma segura.
Usando uma analogia simples, uma transação na blockchain é como enviar um e-mail público, criptografado, que nunca pode ser apagado, que qualquer pessoa pode verificar, mas ninguém pode falsificar.
Qual é a relevância do blockchain imobiliário?
Se o blockchain é como um ambiente digital de transações financeiras, o blockchain imobiliário é como um cartório digital global.
Nesse ambiente, cada imóvel é representado como um token (geralmente um NFT) que comprova a propriedade, ou vários tokens que representem frações do ativo.
De forma prática: Imagine que você quer vender um imóvel tokenizado, que está registrado como um NFT numa blockchain. Você tem o NFT do imóvel na sua carteira digital, o comprador tem criptomoedas na carteira dele e quer comprar esse NFT.
Essa transação acontece conforme um contrato pré-programado com as regras de venda. A transação é segura, porque tudo isso está codificado, não demanda interferência de terceiros e a entrega do token só acontece depois de algumas confirmações automáticas do pagamento.
Num dos episódios do CV na Prática Podcast conversamos com Marcelo Magalhães, CEO da Ribus, sobre o cenário do blockchain imobiliário. No bate-papo, Marcelo falou sobre essa crise de confiabilidade nos negócios imobiliários e explicou como as transações via blockchain estão resolvendo esse e outros problemas do mercado. Veja o episódio:
Como funcionam os smart contracts
Como citei acima, as transações no blockchain imobiliário acontecem mediante regras programadas. Um código programado que executa automaticamente essas regras é um smart contrat (ou contrato inteligente).
Um contrato inteligente, dentro da blockchain, é público, imutável e autoexecutável (ou seja: cumpre o que foi programado sem precisar de intervenção humana).
O smart contrat é uma inovação importantíssima para o blockchain imobiliário (e de forma geral), porque reduz drasticamente a burocracia, os custos e os riscos das transações.
Lembra que comentei no início do texto que um dos principais esforços das ferramentas digitais para o mercado imobiliário e construção civil é resolver os processos burocráticos, que ainda são um grande problema no país? A tecnologia blockchain já é, só por isso, uma grande aposta do mercado.
Como isso se aplica ao mercado?
Para entender de forma prática como as transações via blockchain imobiliário transformam o cenário atual, vamos pensar em como a venda de um imóvel acontece hoje, fora do contexto da blockchain.
No modelo tradicional, o contrato é assinado, passa por reconhecimento de firma, o pagamento é feito via TED, boletos ou comprovantes, envolve o cartório de notas e cartório de registro e, depois, acontece uma verificação de documentos. Esse processo leva dias ou semanas e tem um custo alto.
Se essa transação é feita no blockchain imobiliário, através de um smart contrat, o processo passa a ser: O contrato digital é publicado na blockchain, o comprador envia o valor via criptomoeda, o contrato verifica tudo mediante regras pré-estabelecidas e transfere o imóvel via NFT/token. Tudo isso acontece em segundos.
O futuro do blockchain imobiliário
As transações via blockchain imobiliário já são realidade no cenário atual, mas ainda chega de forma tímida (apesar de promissora).
Num futuro próximo, podemos ver transformações em grande escala, como por exemplo, governos migrando seus registros oficiais de imóveis (cartórios, registros de propriedade, matrícula de imóveis…) para redes blockchain.
O resultado disso pode ser bastante expressivo no que diz respeito à eliminação de fraudes e sobreposições de registros, redução drástica de custos e burocracia e transparência total no histórico de um imóvel.
Além disso, transformações como essa impulsionam o surgimento de um mercado global, em que pessoas de qualquer lugar do mundo poderão comprar, vender, financiar, alugar e investir em imóveis digitalmente, sem fronteiras bancárias ou jurídicas.
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