Vez ou outra, surgem na construção civil inovações que vêm para redefinir a trajetória do setor. Geralmente, essas inovações são pensadas por um conjunto de especialistas que priorizam sociedade, natureza, longevidade ou, melhor ainda, os três. Uma dessas grandes novidades é a bioarquitetura, sobre a qual falaremos hoje.
A bioarquitetura é o processo que busca no uso de materiais pouco industrializados e no aproveitamento de recursos naturais a resposta para uma construção mais sustentável, atraente e harmoniosa.
Quer aprender mais sobre essa novidade que une construção civil e sustentabilidade?
O que é bioarquitetura?
A bioarquitetura é a iniciativa que, de modo geral, dá um propósito maior às moradias. Para isso, muito além de beleza, ela atribui à construção uma funcionalidade, fazendo uso de materiais ecologicamente responsáveis e integrando o imóvel ao ambiente.
Por isso o prefixo “bio”: a arquitetura, aqui, não se trata de uma ciência exata, mas de uma união de esforços para dar vida, organicidade, a tudo que compõe o núcleo urbano.
E, se estamos falando em inovação quando pensamos em bioarquitetura, certamente devemos incluir as novas tecnologias de construção civil e sustentabilidade. Para os estudiosos da prática, o que não faltam são novas formas de construir sustentavelmente.
Qualidade habitacional: um princípio da bioarquitetura
Engana-se quem pensa que bioarquitetura se refere apenas a estética e sustentabilidade. Ela também é uma advogada pela qualidade habitacional, buscando sempre compreender o ambiente e integrá-lo à urbanidade de modo que ser humano e natureza se comuniquem da melhor forma possível.
Em pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e divulgada no site oficial do Governo Federal, mais de 90% dos brasileiros estavam insatisfeitos com o baixo nível de contato com a natureza em 2018.
A necessidade por interação entre a comunidade e o ambiente, então, é notada pela população. Com isso, a bioarquitetura se torna uma solução mais que sustentável ou prática: é também a solução mais humana.
Os muitos benefícios da bioarquitetura
À medida que as necessidades da população vão ao encontro das práticas de bioarquitetura, que engloba coisas como construções ecológicas e sustentáveis, seus benefícios vão ficando cada vez mais aparentes.
Além de ser o que o novo público, composto pelos consumidores 4.0, pede, a bioarquitetura é detentora de muitos benefícios sociais, naturais e até mesmo estéticos.
Visualmente atrativo
Não dá para negar os apelos visuais de um edifício bioarquitetado.
Isso acontece, majoritariamente, porque a natureza é bastante priorizada no processo de construção. Dessa forma, o espaço urbano parece muito mais uma extensão da natureza que um ser à parte. Essa integração causa conforto aos olhos e amplia o espaço verde que a população nacional tanto deseja.
Tecnologia e sustentabilidade
Como falei anteriormente, a bioarquitetura também é fruto da tecnologia utilizada em prol da construção civil e sustentabilidade. Sabendo disso, a prática faz uso dos mais diferentes processos de construção alternativa pra dar luz a novas formas de se ocupar um ambiente.
Tudo desde os materiais sustentáveis até o uso de novas fontes de energia, como você verá no decorrer deste texto, é pensado para gerar benefícios a curto, médio e longo prazo.
Aproveitamento de luz
Luz natural para a bioarquitetura é um pré-requisito. Além de diminuir os efeitos ambientais decorrentes do gasto exacerbado de energia, a medida também beneficia o bolso dos moradores. Assim, as pessoas passam a necessitar menos de coisas como ar-condicionado e iluminação artificial durante o dia.
Desenvolvimento sustentável no espaço urbano
Por fim, mas não menos importante, o desenvolvimento sustentável recebe destaque. E não é sem motivos que isso acontece. De acordo com o relatório da ONU 2019, a construção civil é responsável por quase 40% de todas as emissões de CO2 no mundo.
Isso é representativo de um cenário alarmante para o setor e a sociedade. Por isso, a bioarquitetura entra com a proposta de reduzir danos, suprir uma necessidade populacional e ainda diminuir custos.
Como diminuir esses custos? Eu te explico agora!
Características de uma bioconstrução
As características de uma bioconstrução são parte do motivo que a faz diminuir custos numa construtora ou incorporadora. Muito embora nem todas as características estejam diretamente relacionadas a isso, todas elas acabam influenciando de alguma forma o preço final do imóvel.
As principais características de uma bioconstrução são:
- Reaproveitamento de recursos
- Valorização da arquitetura tradicional
- Aproveitamento da energia limpa
- Uso de materiais locais
- Consideração do clima local
Acompanhe cada uma delas!
Reaproveitamento de recursos
Os resíduos são fortes protagonistas na bioarquitetura. Ainda por cima, são também grandes motivos para alteração do preço final de um imóvel.
Claramente, construir não é nada barato. Mão de obra, insumo, terreno e outras variáveis influenciam o processo. No entanto, a possibilidade de tratar e reutilizar os resíduos gerados numa nova construção pode mudar bastante esse cenário.
E esse reaproveitamento vai da construção em si até os arremates, como adubagem dos jardins do empreendimento, por exemplo.
Valorização da arquitetura local
Diferentemente do que se pensa, a bioarquitetura não precisa propor algo completamente novo. Entenda: muitos dos princípios da bioarquitetura prezam pelo resgate de métodos tradicionais, locais, de construção.
O resgate dessas técnicas não tem somente um impacto cultural muito forte, como também oferece uma valorização incrível ao empreendimento. Não bastasse isso, essa forma mais tradicional de construir leva em conta o clima, a umidade e as próprias preferências da comunidade, ao invés de criar sempre imóveis padronizados.
Aproveitamento da energia limpa
Energias limpas, como a solar e a eólica, estão cada dia mais conhecidas. Esses princípios se comunicam bastante com aqueles propostos pela bioarquitetura, uma vez que ambos dialogam com a sustentabilidade e com o consumo racional de recursos naturais.
Segundo a CNN Brasil, o Brasil encerrou fevereiro de 2022 com a maior taxa de geração de energia solar da história. Foram mais de 1,2 mil MWm (Megawatt-médio) gerados, o dobro do registrado no mesmo período de 2021.
Novamente, os dados não mentem: o país tem caminhado rumo à responsabilidade ambiental, e a bioarquitetura nada mais é que uma tradução desse trajeto.
Uso de materiais locais
Materiais locais podem ser grandes aliados na bioarquitetura, tanto por seu maior volume quanto pelo melhor custo benefício. Além disso, os materiais locais estão melhor integrados com a natureza em seu entorno, sendo, a depender das características da região, mais resistentes para cada tipo de ambiente.
Consideração do clima local
Por fim, a bioarquitetura exige atenção ao clima local. E por quê?
É muito simples. Pense bem: se seu desejo é integrar morador, imóvel e ambiente, o edifício construído para um clima frio e úmido é muito diferente do edifício construído para um clima quente e seco. Num deles, você priorizará áreas externas cobertas, direcionará a frente para o lado do sol… noutro, priorizará as entradas de ar a céu aberto, afastando a frente do sol.
Materiais da bioarquitetura
É do interesse daqueles que realizam bioarquitetura o uso de materiais sustentáveis ou locais, como falado anteriormente.
Mas alguns materiais de amplitude global também são muito utilizados na bioarquitetura para garantir a segurança e o menor impacto possível da construção ao meio ambiente. Esses materiais são, sem ordem de relevância:
- Terra
- Areia
- Tijolo de adobe
- Argila
- Bambu
- Palhas
- Fibras naturais (ex.: fibra de bananeira)
- Cimento queimado
- Pedra
- Madeira
Técnicas usadas na bioarquitetura
A bioarquitetura faz uso de muitas técnicas de construção. Essas técnicas são bastante particulares, uma vez que os próprios materiais que compõem a bioconstrução podem ser diferentes daqueles usados em edifícios tradicionais.
Uma dessas técnicas é o tijolo de adobe mencionado acima. Ele é constituído de tijolo e palhas, misturados, moldados e secos pelo sol. Essa técnica busca dar mais resistência ao tijolo.
Fora o famoso tijolo de adobe, existem outras técnicas, como: superadobe, que usa sacos de terra comprimidos; solocimento, tijolo feito de areia, cimento e argila; taipa, criação de um “esqueleto” das paredes em quadros e posterior preenchimento.
Bioarquitetura no Brasil
A bioarquitetura está dando seus primeiros passos no Brasil.
Hoje, a demanda por responsabilidade ambiental é grande. Tanto que mais de 80% dos brasileiros consideram sustentabilidade importante e, ainda, 37% já deixaram de consumir de empresas que não tinham pauta de preservação ambiental (Recicla Sampa).
Sendo assim, nota-se a relevância do debate dentro e fora da construção civil.
Quando falamos em tendências… sim, as chances são de que a bioarquitetura chegue com ainda mais força ao Brasil nos próximos anos.
E isso não é novidade, muito menos motivo para pânico. Com aproximadamente 500 milhões de hectares cobertos por florestas, o Brasil é um país que tem tudo para se beneficiar da bioarquitetura. E se o assunto é sustentabilidade, o país não fica para trás:
Atualmente, o Brasil é o 5º país com mais construções sustentáveis no mundo, segundo o United States Green Building Council (USGBC). De acordo com o USGBC, as construções sustentáveis no Brasil já somam mais de1,2 mil unidades. E, entre essas, 641 têm o certificado LEED de Liderança em Energia e Design Ambiental.
Bioarquitetura: a arquitetura da vida
Depois de tanto aprender sobre bioarquitetura, seus benefícios e características, sua realidade no contexto nacional e muito mais, tudo o que nos resta é fazer uma pergunta:
Sua empresa está pronta para essa revolução?
Pode parecer uma pergunta muito relativa, afinal nem todas as incorporadoras podem estar interessadas nessa nova metodologia de construção civil e sustentabilidade. Mas é importante frisar: quanto mais preparo, melhor. Manter-se à frente da concorrência é essencial, e a bioarquitetura pode ser o passinho que você precisa para se destacar.
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