O ano de 2023 vem registrando o retorno do trabalho presencial em escritórios, colocando os imóveis do tipo lajes corporativas ainda mais em evidência. Segundo levantamento do InfoJobs, nas vagas de emprego divulgadas entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, o modelo remoto representa somente 2,48%, e as vagas com modelo presencial somam 94,82%.
Uma pesquisa da Cushman & Wakefield em parceria com a WeWork sobre Modelo de Trabalho em 2023, mostrou que modelo híbrido ganhou protagonismo recentemente com 74% das empresas entrevistadas adotando este modelo, 23,5% adotando o presencial, e apenas 2,5% assumindo o modelo totalmente remoto, mostrando que apesar do modelo 100% remoto ter funcionado durante os períodos mais restritivos da pandemia, ele não veio para ficar, fazendo com que as empresas ainda precisem dispor de espaços de escritório.
O movimento eleva a demanda por imóveis comerciais que correspondam às necessidades tecnológicas e de design atuais, reposicionando as empresas para o futuro. A retomada do mercado de escritórios agora exige a criação de ambientes colaborativos e inspiradores.
Assim, o mercado de escritórios está em alta no país, sendo liderado pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a busca por espaços de trabalho está sendo impulsionada pelas lajes corporativas de alto padrão. Em especial nas regiões centrais, prédios antigos vêm sendo adaptados pelas construtoras com o objetivo de suprir a demanda por imóveis de alto padrão com fins empresariais.
Lajes corporativas e retrofit
No segundo trimestre de 2023, tanto a cidade de São Paulo quanto o Rio de Janeiro apresentaram absorção líquida positiva no que se refere às lajes corporativas, o que indica que a demanda pelo espaço imobiliário está superando a oferta de aluguéis.
No Rio, mesmo com a área disponível sendo a mesma desde 2018, a vacância caiu significativamente desde seu pico no 3º trimestre de 2021, saindo de 37% para 27%. Em São Paulo destacam-se as regiões como JK, Faria Lima e Pinheiros onde a vacância permanece em patamares pró locador, favorecendo o aumento nos valores de locação.
Com o aquecimento do mercado, os Fundos de Investimento têm apostado ainda na revitalização de prédios antigos para a criação de mais espaços de lajes corporativas. Em especial nos centros dessas metrópoles, essas construções têm sido adquiridas, passado por adaptações e grandes reformas, para atender às necessidades de infraestrutura de internet, instalações elétricas e hidráulicas mais modernas, exigidas pelas corporações. É a chamada técnica do retrofit.
A região do centro do Rio de Janeiro, por exemplo, tem apenas 25% do estoque de imóveis considerados de alto padrão e sofre com a carência de prédios comerciais que atendam às necessidades das empresas. Vista a oportunidade, a Prefeitura do Rio tem negociado imóveis históricos com grupos privados por meio de fundos de investimentos imobiliários com o objetivo de transformar os andares em lajes corporativas. A expectativa é de que a recuperação de antigos imóveis sem uso tenha efeito multiplicador em todo o centro.
Em razão dos preços bem mais acessíveis do que os da Zona Sul, está ocorrendo no Centro do Rio um forte movimento de “upgrade”.
Novos mercados, novas tecnologias
A negociação de imóveis de alto padrão, como as lajes corporativas, atrai a atenção de corretores que focam neste público. Diante do aumento pela procura, a gestão do relacionamento com os interessados pode fazer a diferença na hora de negociar.
Segundo o CEO do CV CRM, Fábio Garcez, os corretores têm acompanhado as novas tendências do mercado, sendo, muitas vezes, os agentes de transformação digital dentro das imobiliárias. “Quando se fala em novas tendências, muitas vezes, o próprio corretor é quem convence os gestores a adotarem uma nova ferramenta que qualifica as negociações”, explica.
E um mercado de altas cifras, como o de lajes corporativas, figura como mais um desafio para os profissionais do nicho imobiliário em 2023.