Quando pensamos nos conceitos ambientais é comum que nos limitemos às práticas diretamente relacionadas a sustentabilidade do meio ambiente. Porém o termo sustentabilidade envolve um conjunto muito maior de ações. O ESG, por exemplo, representa uma mudança na forma de pensar as empresas a partir de três pilares: governança social, ambiental e corporativa.
Sumário
ESG além dos conceitos ambientais
Para falar da gestão ambiental nas incorporadoras precisamos primeiro entender que outros pilares estão atrelados à sustentabilidade empresarial. Estamos vivendo um movimento de mudança de vários pilares nas incorporadoras e não é por acaso.
Em janeiro de 2004, o ex-secretário da ONU chamou atenção de grandes empresas para questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável do mercado capital sob a justificativa de que as gerações futuras devem ter a capacidade suprir suas próprias necessidades.
Entretanto para alcançar esses objetivos, as empresas precisam entender que a aplicação dos conceitos ambientais, além do práticas sustentáveis como a diminuição de emissão de CO2, envolvem também:
- pilares sociais: envolvimento dos funcionários, diversidade, saúde e segurança, direitos humanos;
- modelo de negócios: Inovação, gerenciamento da cadeia de suprimentos;
- governança: ética, privacidade (que envolve os conceitos da LGPD).
Saiba tudo sobre a LGPD.
Todos esses pilares se tornam cada vez mais relevantes do ponto de vista social, principalmente no mundo pós-pandemia. Investidores estão cada vez mais preocupados em investir em empresas ESG, já existem critérios para a liberação de linhas de crédito que consideram a preocupação das empresas com o crescimento sustentável, entre outras razões.
É notável, portanto, que o crescimento no interesse pelo conhecimento da sigla ESG é uma tendência:
Sustentabilidade empresarial
Muito se discute sobre as aplicações dos pilares do ESG na cadeia da construção. A esfera social tem um amplo espaço de discussão no segmento, pois estamos falando de uma das maiores áreas geradoras de emprego e renda. No que diz respeito à governança, também posso destacar o avanço em ciber segurança, por exemplo.
A esfera ambiental talvez seja a maior geradora de discussões na cadeia da construção civil. Questões como o descarte de resíduos dos canteiros de obra, a utilização de recursos naturais, a escolha por materiais sustentáveis, a preservação da biodiversidade, a redução na emissão de CO2, entre outras, são preocupações constantes para o segmento.
Além disso, uma discussão crescente que envolve a esfera ambiental é a construção de cidades sustentáveis ou cidades do futuro. Nesse ponto, a cadeia da construção também se destaca como grande fator de mudança.
Conceito de sustentabilidade empresarial
Por isso, para começar uma mudança de dentro para fora das incorporadoras é importante falar sobre os conceitos ambientais. De forma resumida, a sustentabilidade nesse contexto é a capacidade de produzir para suprir necessidades atuais, sem comprometer essa capacidade das gerações futuras.
Sendo assim, o conceito de sustentabilidade empresarial engloba questões como o crescimento econômico de forma sustentável, que não prejudique o meio ambiente. Outra característica de uma empresa sustentável é prezar pelo crescimento de longo prazo em detrimento da busca por lucro rápido em curtos períodos de tempo.
Fazer uma gestão ambiental é, portanto, usar métodos administrativos que auxiliem na diminuição no impacto ambiental. Isso envolve a escolha por materiais e fornecedores, o traçamento de metas de redução de gases que potencializam o efeito estufa, a criação de políticas de descarte de resíduos do canteiro de obras, a criação de mecanismos de conscientização interna etc.
Conceitos ambientais aplicados nos canteiros de obra
Entender o que significa ESG, os conceitos ambientais, as políticas ambientais, as práticas da sustentabilidade empresarial, etc, é o primeiro passo para mudar as ações dentro na incorporadora. O segundo passo é traçar metas e planejar como aplicar esses conceitos.
Posso passar o dia listando os pontos de atenção com relação às práticas ambientais necessárias para que uma incorporadora seja reconhecida como uma empresa ESG. Vou me ater aqui aos tópicos mais comumente abordados: os materiais de obra, a geração de resíduos, consumo de água e energia e a emissão de CO2.
Saiba mais sobre construções sustentáveis no vídeo abaixo:
Materiais da obra
Os insumos nas obras são pautas recorrentes nas discussões sobre sustentabilidade. A extração de materiais como madeira, gesso, cimento, entre outros, resultam num grande impacto ambiental.
A boa notícia é que existem materiais alternativos que diminuem o impacto ambiental não apenas durante o processo de construção, mas ao longo da vida dos moradores do imóvel. Abaixo listarei alguns como exemplo, mas para se aprofundar no assunto acesse o artigo “15 materiais sustentáveis para construção civil e arquitetura”
- Replast: consiste num tijolo feito a partir de resíduos plásticos, que além de ter um processo que não possui emissão de CO2, reutiliza resíduos retirados do oceano;
- Telhado verde: é uma camada de vegetação instalada em cima das construções com o objetivo de manter a temperatura dentro e fora do imóvel;
- Madeiras alternativas: como as madeiras de reflorestamento e as certificadas;
- Tinta ecológica: usam materiais naturais como alternativa aos derivados do petróleo.
Geração de resíduos
A construção civil é responsável por grande parte da geração de resíduos no mundo. E os responsáveis pelo descarte não são apenas as empresas terceirizadas, mas também quem atua na construção.
Alguns resíduos sólidos de difícil descarte na construção civil são: madeiras, plástico, tijolos, concretos, metais, tinta, gesso, etc.
Existem leis que regulamentam o descarte, mas é preciso estar atento, pois também existem casos de descartes irregulares. A Política Nacional de Resíduos sólidos pode ser consultada nesse link.
Consumo de água e energia
Outra preocupação na construção civil é o enorme consumo de água e energia durante as obras. As próprias produções de materiais para construção demandam grandes volumes de água. Mas existem formas de diminuir esse impacto e evitar desperdícios.
Uma delas é monitorar sempre o consumo de água através dos hidrômetros para que haja intervenção quando necessário. A instalação de equipamentos para o reaproveitamento de água da chuva também é uma alternativa.
Com relação a energia um tópico é emergente quando falando sobre os conceitos ambientais na construção civil: a eficiência energética. Assim como todos os outros fatores, a redução do consumo de energia sem perda na eficiência do processo de construção exige planejamento.
Uma das formas de se planejar é usar a tecnologia. Existem softwares que fazem simulações do consumo de energia e apontam pontos de atenção, como o EnergyPlus.
Emissão de CO2
Segundo a ONU, em Relatório de Status Global de Edificação e Construção de 2022, o setor da construção civil é responsável por cerca de 37% das emissões de CO2. A expansão do setor por vezes foi superior à adoção de boas práticas com relação ao meio ambiente.
A diminuição de gases poluentes na construção civil passa por todos os pilares já citados. A redução no consumo de energia, por exemplo, diminui a necessidade de produção de energia e, portanto a diminuição da emissão de CO2
Como ser reconhecida como uma empresa ESG?
Você pode estar se perguntando como provar que a sua incorporadora está aplicando os conceitos ambientais e enquadrada nas premissas do ESG. O “selo ESG” é concedido pelos fundos de investimento, bolsas de valores ou consultorias. Ter o selo oferece à incorporadora vantagens competitivas, mais lucratividade, dentre outros ganhos.
Uma empresa pode requerer o selo se consegue comprovar ao mercado a adoção dos pilares ESG. Se a incorporadora já possui outras certificações de sustentabilidade, se já construiu empreendimento sustentáveis, já está apta a ser reconhecida como uma empresa que se enquadra nos pilares do ESG.
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FAQ – Perguntas Frequentes
A sigla significa Environmental, Social and Governance. Ou seja, está pautada em boas práticas de três princípios básicos: ambiental, social e de governança.
Os conceitos ambientais englobam questões como o crescimento econômico de forma sustentável, que não prejudique o meio ambiente. Uma empresa sustentável preza pelo crescimento de longo prazo em detrimento da busca por lucro rápido em curtos períodos de tempo.
